Outubro Rosa: Defensoria trabalha para garantir atendimento à mulher no SUS

Câncer! Uma palavra que ainda assusta. A maioria das pessoas tem alguma história com ela – seja própria, de algum familiar ou amigo que passou pela doença. Ainda assim, o drama vivido por essas pessoas não pode ser diminuído. Ana Paula Rosendo, 31 anos, suspeitou que poderia estar com câncer de mama, em setembro de 2015, de forma casual. O esposo dela identificou um pequeno nódulo no seio, mas a moça achou que era um caroço de gordura ou algo do tipo. Mesmo assim, julgou melhor marcar uma consulta no ginecologista para se certificar. Em um processo que demorou três meses apenas para o diagnóstico, entre o encaminhamento ao mastologista e a biópsia, foi constatado o câncer. “Eu sempre ligava e o resultado nunca estava pronto. E, nesses três meses, o tumor cresceu muito e espalhou para a axila”, relembra. “Quando recebi a biópsia, eu não li. Deixei pro médico ler e ele me falou que era câncer. Que era maligno. Até então, eu não achava que era câncer, eu não tenho histórico na família. No dia que eu descobri, chorei muito. Mas chorei só no dia mesmo, depois eu pensei que não adiantava chorar, isso não ia trazer minha saúde de volta. Mas não é fácil. A gente pensa que a qualquer momento podemos morrer”, desabafa Rosendo. Depois de assimilar que estava com a doença, Ana teve que enfrentar uma nova dificuldade. “Eles estavam desmarcando muito a operação. Porque não tinha enfermeiro, porque não tinha equipe de limpeza, porque não tinha roupa específica para a cirurgia, porque não tinha expansor. Cancelaram três vezes”. Para ver se conseguia fazer a cirurgia, Paula usou recursos próprios e contou com a ajuda da família para comprar o expansor tecidual – necessário para o procedimento cirúrgico. Mesmo com o expansor em mãos, foi necessário o trabalho da Defensoria Pública do DF, por meio do Núcleo da Saúde, para que a moça finalmente fizesse a mastectomia. “Se eu não tivesse entrado na Defensoria Pública, tinha demorado muito mais tempo para conseguir fazer minha cirurgia. Em menos de um mês depois que entrei com a ação, eu fiz a mastectomia”, elogiou. O procedimento cirúrgico foi feito em março deste ano e, agora, Paula está fazendo a quimioterapia. Antes da reconstrução da mama, que ela espera fazer ano que vem, ainda tem a radioterapia prevista para acabar em dezembro. Legislação Após o diagnóstico do câncer de mama, a legislação prevê que em 60 dias o tratamento deve ser iniciado. A lei 12.732 ainda diz que, além do prazo de 60 dias, o tratamento começa, de fato, “com a realização de terapia cirúrgica ou com o início de radioterapia ou de quimioterapia, conforme a necessidade terapêutica do caso”. De acordo com dados obtidos no Núcleo da Saúde da Defensoria Pública, isso não vem ocorrendo. Foram mais de mil casos relacionados ao câncer somente esse ano. “No Distrito Federal só se faz radioterapia com ação judicial porque a demanda é muito maior do que a oferta de serviços”, lamenta Celestino Chupel, coordenador do núcleo. Para minimizar danos psicológicos e físicos à mulher que se submeteu à mastectomia – cirurgia de retirada do seio – a paciente deveria colocar o implante e reconstruir a mama no mesmo procedimento cirúrgico, conforme diz a lei 12.802. Mas, como a lei complementa que as duas cirurgias só serão feitas no mesmo momento “quando existirem condições técnicas” para tal, os procedimentos estão sendo feitos separados e com demora, segundo Chupel. Celestino finaliza dizendo que o DF vive “um momento negro no tratamento oncológico”. Por isso, o núcleo trabalha de forma contínua na manutenção do direito à saúde das cidadãs. O Núcleo da Saúde fica localizado no Ed. Venâncio 2000, 2 andar, bloco b-60. O telefone para contato é o (61) 2196-4400. Fotos: Dávini Ribeiro
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